Com destaque mundial, cacau produzido no Pará gera desenvolvimento com sustentabilidade
- ObservaDHpa
- 30 de dez. de 2024
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Atualizado: 2 de jan.
Fapespa investe em dez projetos envolvendo cacau, que têm grande parte da produção de amêndoas oriunda do trabalho de agricultores familiares, por meio dos sistemas agroflorestais.

O Pará é o maior produtor de amêndoa de cacau do Brasil, responsável por quase 145 mil toneladas, o que supera em 53% toda a produção nacional. O Estado conta com mais de 31,5 mil produtores, segundo dados da Fundação Amazônia de Amparo a Estudos e Pesquisas do Pará (Fapespa). Medicilândia, Uruará, Anapu, Brasil Novo, Placas, Altamira, Vitória do Xingu, Senador José Porfírio, Tucumã e Pacajá são os municípios paraenses que mais produzem o fruto.
No contexto da economia mundial, o Brasil se destaca dentre os principais produtores, estando na sétima posição, com quase 270 mil toneladas em 2020, o que corresponde a 4,7% da produção global. E o Pará figura entre os maiores produtores do planeta, seguido pela Bahia.
A comercialização externa é outra dimensão da cacauicultura. De 1998 a 2022 o preço do cacau bruto paraense no comércio externo passou de US$ 1,6 por kg para US$ 3,4 por kg - um aumento de 118,4% no período.
Já o cacau em pó, com maior valor agregado, começou a ser mais comercializado pelo Pará a partir de 2018, saindo de US$ 2,2 por kg, para US$ 5,2 por kg, correspondente a quase duas vezes o preço do cacau bruto nos últimos anos.
Agricultura familiar – Esses dados mostram o resultado de investimentos do governo do Estado na cadeia produtiva do cacau. Atualmente, a Fapespa destina R$ 2.535.079,20 para dez projetos que envolvem cacau, sendo sete de pesquisa e três de apoio a Startups.
Grande parte do cacau produzido no Pará é oriundo da agricultura familiar, geralmente de sistemas agroflorestais (SAFs), os quais permitem um ecossistema diversificado e benéfico ao desenvolvimento das plantas e à qualidade do solo, garantindo maior eficiência.
O engenheiro agrônomo e florestal Deyvison Medrado, diretor Científico da Fapespa, explica que a sustentabilidade dessa cadeia produtiva é resultado de vários fatores, incluindo aumento da produtividade, com utilização de técnicas adequadas de manejo, como poda, controle de pragas e doenças, e uso eficiente de fertilizantes. Essas técnicas resultam em mais cacau produzido por hectare, aumentando a renda dos agricultores sem a necessidade de expandir a área cultivada.
Outro fator essencial é a conservação do solo e da água, uma vez que práticas como o plantio em contorno, cobertura do solo e sistemas agroflorestais ajudam a conservar esses dois recursos naturais, o que melhora a saúde do cacaueiro e protege o solo e os cursos d’água, garantindo sustentabilidade em longo prazo.

Diversificação - A sustentabilidade da cacauicultura também depende da diversificação de culturas, pois a integração do cacau com outras espécies em sistemas agroflorestais pode diversificar a renda dos agricultores, o que os ajuda a enfrentar flutuações de mercado e mudanças climáticas. A diversidade de plantas também pode melhorar o ecossistema agrícola.
Deyvison Medrado destaca ainda as certificações de mercado premium, práticas de manejo sustentável que permitem aos agricultores obter certificações, como Fair Trade ou Rainforest Alliance, que muitas vezes permitem acesso a mercados premium e preços mais competitivos para o cacau.
“Daí a importância de o Estado investir nas pesquisas, uma vez que o aprimoramento das técnicas de manejo agronômico do cacau potencializa a produtividade, a qualidade dos frutos e seus derivados, o que reflete no escalonamento das vendas”, informa o pesquisador.
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